A gravidez, apesar de muitas vezes ser retratada como um período de alegria, plenitude e graça, nem sempre é assim sentida pelas mulheres. Frequentemente, em algum momento da sua gestação, as mulheres sentem algum tipo de ansiedade, mas a pressão que a sociedade exerce para a mulher sentir a sua gravidez com a máxima felicidade, faz com que estes sentimentos não sejam partilhados como deviam.
A ansiedade é uma reação normal ao perigo ou ao stress do dia-a-dia. É natural que, na gravidez, se sintam alguns receios em relação ao bebé, à sua saúde, questões financeiras, situação profissional, alteração na vida e nas relações familiares e sociais.
Também ao longo da gravidez a ansiedade pode ser flutuante, ou seja, num primeiro trimestre pode existir alguma ansiedade relacionada com a integração da gravidez na vida das pessoas, e até lidar com as mudanças de humor naturas na gestação. Já no último trimestre da gravidez a mulher pode sentir-se ainda mais ansiosa com as alterações significativas no seu corpo, a possibilidade do parto e a antecipação da chegada de um bebé. Devemos ter uma especial atenção a quem já lidava com sintomas de ansiedade na sua vida, pois no período perinatal pode sentir um retorno ou agravamento dos sintomas!
E como podem as gestantes lidar melhor com a sua ansiedade? Deixo algumas dicas!
- Participar nos cursos de preparação para o parto e outros relacionados com a maternidade são uma preciosa ajuda. A informação esclarece as pessoas em relação aos seus receios, e quando estamos informados, ficamos mais seguros e consequentemente menos ansiosos.
- Procure figuras de referência, amigas, outras mães com quem pode conversar sobre a sua experiência de gravidez. Sentir-se entendida pode ser um poderoso método para gerir a ansiedade!
- Escolha uma equipa de profissionais em quem confie para que se possa sentir devidamente acompanhada nos aspetos médicos da gravidez.
- Converse com o pai do bebé acerca dos medos que sente;
- O acompanhamento psicológico durante a gravidez, em mulheres de risco, pode contribuir para uma vivência mais saudável da gestação, prevenindo perturbações obstétricas e patológicas.
Caso sinta que os sintomas estão a ser muito difíceis de gerir, deve sempre falar como seu médico para que seja avaliada! Não descure a saúde mental neste período, porque ele é um dos mais frágeis para a saúde mental da mulher.
2024 – Dr.ª Carmen da Silva
Psicóloga Clínica Perinatal
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