A enfermeira Sílvia de Lourenço deixa algumas reflexões acerca do assunto:

 

– O nascimento de uma criança de risco, prematura ou com alguma patologia, re­presenta uma dura prova para os pais e uma ameaça às suas crenças e expectativas sobre o bebé idealizado e fantasiado;

 

 

– A chegada de um bebé diferente, está nor­malmente associado a reacções emocionais intensas, caracterizadas por grande confu­são, perturbação, labilidade e ansiedade;

 

 

– A ansiedade explica-se sobretudo pelo medo e preocupação com a sobrevivência do bebé nos primeiros tempos de vida, posteriormente com a saúde e o desenvol­vimento dele assim como a auto-avaliação da falta de competência para tratar e edu­car um filho “mais difícil”;

 

 

– O tempo de hospitalização do bebé é essen­cial para a construção mental sobre este fi­lho e sobre o papel dos pais. Os profissio­nais de saúde têm um papel determinante no esclarecimento da condição do bebé e na mediação do contacto em ambos;

 

 

– Um exemplo deste contacto é o recurso ao método mãe-canguru, um tipo de as­sistência neonatal que implica o contacto pele-a-pele entre mãe/pai e bebé de baixo peso, de forma crescente e pelo tempo que ambos entenderem suficiente;

 

 

– O método tem surtido efeitos positivos para a saúde do bebé e no vinculo entre pais/bebé e relativamente a aspectos psi­cológicos dos pais, particularmente rela­cionados com o seu sentido de competên­cia e auto-estima;

 

 

– É importante apoiar e incentivar os pais neste processo de interacção/vinculação no sentido de prevenir desajustes da ati­tude do cuidador;

 

 

– A aceitação das circunstâncias demora al­gum tempo. Explorar, falar e partilhar é essencial para identificar fantasias, me­dos e esperanças não realizadas e prosse­guir no processo de adaptação.